Patrícia França e Fernando Duarte
- Eduardo Martins | Ag. A TARDE
Justiça baiana define de flexibiliza Louos e PDDU de Salvador
O Tribunal de Justiça da Bahia volta a julgar, nesta quarta-feira, 12, o pedido de modulação da Lei de Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo de Salvador (Louos) e do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU). Os dois projetos foram declarados, em outubro do ano passado, inconstitucionais pela Poder Judiciário baiano.
Por regra, para que uma proposta de modelação seja aprovada em uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) é necessário a adesão de dois terços dos membros do tribunal.
A depender da extensão da modulação (adequação dos pontos considerados inconstitucionais) a ser aprovada pelos desembargadores, algumas obras que ficaram suspensas - como as alterações que vão viabilizar a avenida Linha Viva e a construção de hotéis - poderão ter continuidade com segurança jurídica ou serem inviabilizadas temporariamente, até a aprovação de uma nova Louos e de um novo PDDU.
Ficaram afetados pela proposta de modelação restrita do desembargador-relator José Edivaldo Rotondano pelo menos 80 empreendimentos residenciais, comerciais e de hotelaria. Assim como a ampliação de gabarito (altura) para construção de hotéis na orla, empreendimentos no entorno da Fonte Nova e corredores viários como as avenidas Bonocô e São Rafael.
Sem debate
A inconstitucionalidade da Louos e do PDDU, leis aprovadas em 2011 na gestão do prefeito João Henrique Carneiro, foi decidida pelo voto de 30 desembargadores. Apenas dois votaram contra.
Na Adin movida pelo Ministério Público Estadual (MPE) o questionamento maior foi que as leis foram aprovadas pela Câmara Municipal sem a devida participação da sociedade e por meio de audiências públicas para debater os projetos.
O promotor Paulo Modesto, que propôs a Adin com o procurador-geral Wellington Lima e Silva, disse que a expectativa é que o Tribunal de Justiça conclua o julgamento, hoje, depois de dois anos de tramitação e debates aprofundados sobre o tema.
"Qualquer que seja a amplitude da modulação, Salvador terá uma dimensão mais clara dos marcos jurídicos que vão nortear os investimentos e os parâmetros de crescimento da cidade", explicou o promotor.
Modesto, que está preparando parecer para análise do procurador-geral sobre a Adin do IPTU cobrado em Salvador, a ser formalizada pela seção baiana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), está otimista sobre o julgamento de hoje. Ele considera que o julgamento do Tribunal de Justiça da Bahia irá "consagrar de forma definitiva" o princípio da "necessária participação" da sociedade no planejamento urbanístico da cidade e seguindo os critérios técnicos.
Salvador 500
Empenhado em buscar uma saída negociada para evitar outra judicialização na esfera municipal, desta vez com o reajuste do IPTU, o prefeito ACM Neto (DEM) espera que o julgamento da modulação do PDDU e da Louos seja encerrado na sessão de hoje.
Indagado, ontem, sobre o assunto, após o sorteio de prêmios do Programa Nota Salvador, o prefeito respondeu: "Nós estamos acompanhando. O ideal é que esse assunto possa ser resolvido logo em qualquer direção. Claro que a prefeitura defende os termos da modulação que foram apresentados junto com o Ministério Público, mais amplos do que foi apresentado pelo relator da matéria".
ACM Neto lembrou que existem dois votos, o do desembargador José Rotondano (relator) e do desembargador Clésio Rosa, que pediu vistas do processo. Em seu voto, Clésio acompanha o relator da Adin sobre as matérias, que julgou procedente o pedido de modulação para liberação de algumas construções.
Em dezembro, porém, o desembargador Jatahy Fonseca também pediu vistas e deverá declarar seu voto na sessão de hoje. "A gente não sabe exatamente em que direção vem o voto dele. Porém, qualquer que seja a decisão (final) nós vamos respeitar e estar prontos para seguir adiante neste tema", afirmou o prefeito.
Neto adiantou que o seu próximo passo será o lançamento do programa Salvador 500 - uma revisão completa do PDDU e da Louos que vai ser feita ao longo de 2014 para que, no fim do ano ou começo do próximo, possam ser encaminhados dois novos projetos para a Câmara de Vereadores.
"Se nós pudermos ter do Tribunal, neste julgamento, uma modulação mais próximo do que foi feito pela prefeitura e pelo Ministério Público, melhor será para o desenvolvimento econômico da cidade", disse o prefeito.